Mayara Nanini
Especial para o Correio
A mãe que nunca ouviu “Escolha a luta que você quer lutar”, que atire a primeira pedra. No universo materno não faltam batalhas intensas. Logo, é preciso muito conhecimento e disciplina para não se deixar vencer pelos palpites.
Natalia Carvalho é médica ginecologista/obstetra, com especialidade em Medicina Fetal, Mestrado e Doutorado pela UNIFESP. Sua didática implacável também encontrou abrigo na área acadêmica, razão pela qual é responsável pela aprovação de vários alunos na Residência Médica. Nossa médica Itapetiningana mergulha em evidência científica e se empenha nos estudos, trazendo para a vida materna essa qualidade ímpar.
Desde maio de 2021 coleciona vivências maravilhosas da maternidade, com seu primogênito Daniel. Em 2023, com a chegada da Camila, se deparou com a possibilidade de amamentar seus dois filhos simultaneamente – prática conhecida como amamentação em tandem.
Sabe-se que amamentar duas crianças não é uma luta fácil. Ainda mais em se tratando da jornada vivenciada pela mulher. Natalia enfatiza pontos como o cansaço físico e emocional, além do cuidado redobrado com a própria saúde. “É um desafio muito grande. Precisa estar consciente dos benefícios para conseguir amamentar. Quem fala que é fácil está mentindo”, relata.
Um tabu identificado por Natalia é a crença de que a criança mais velha “roubará” vitaminas, provocará doenças ou ainda deixará menos leite para a mais nova. A médica esclarece que a mulher produz leite suficiente para ambos, tal como vitaminas, e que o corpo da mulher produz anticorpos necessários para proteger a criança mais nova, a partir do contato que teve com a criança mais velha.
Além do embasamento científico, a prática também revelou para Natalia consideráveis benefícios da amamentação em tandem. Ela identificou menos infecções nos filhos, grande auxílio na regulação emocional e otimização de tempo para fazer as crianças dormirem (já que dormem juntas e mais rápido). Também guarda na memória momentos marcantes, como quando amamenta, e a filha, ao fazer uma pausa, vai até o irmão para abraça-lo e beijá-lo, ou ainda quando Daniel, com ternura, segura a mãozinha da irmã.
São quatro anos de amamentação e um ano e sete meses onde amamenta em tandem. E, diante de tal experiência, tem propriedade para aconselhar outras mamães: “Tenham paciência. No começo parece muito difícil, mas vocês precisam se perguntar o motivo pelo qual querem amamentar duas crianças. Estabeleçam objetivos claros para enfrentar os desafios da amamentação em tandem. Não deixem os palpites, tabus e mitos dominarem ou impedirem que vocês amamentem. Vocês precisam querer lutar essa luta”.
A trajetória materna de Natalia é um exemplo de conhecimento, amor e doação. Sua história é um lembrete único de que, com informação e paciência, cada mãe pode trilhar o caminho que melhor atende às necessidades de seu lar.