Todos os dias, Paulo e seus companheiros iam para a Casa de Oração, às margens do rio Gangas, para pregar e orar. Certa manhã, a caminho do lugar de oração, saiu, duma casa vizinha, uma jovem e foi ao encalço dos pregadores do Evangelho, bradando, gritando e agia de tal forma que os seus lábios espumavam ao dizer: – “ Estes homens são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação”.
Falava uma verdade, porém na boca de Satanás, afugentava os ouvintes da verdade cristalina do Evangelho. Lucas, narrando o fato, afirma que isso se repetiu por muitos dias. Paulo que já ouvira a voz de Cristo e as lições do Mestre dos mestres, agastado, volta-se e disse ao espírito e não para a menina: -“Em nome de Jesus Cristo, eu te mando, retira-te dela”. Lucas encerra a narrativa, afirmando: -“E ele na mesma hora saiu”.
Dando asas à imaginação, pois assim o texto sugere, a menina-moça adquiriu a beleza de Cristo e de maligna tornou-se dócil, transmudando-se numa rosa em botão. Ela era escrava do demo e dos homens. Possuía o espírito de píton, isto é, era uma pitonisa, uma adivinha. Nos momentos de transe, a menina de tez morena e olhos com expressão, no dizer do poeta romântico, falava diversas línguas, revelando coisas que se am à distância.
Era serva do demo e escrava dos homens que exploravam o triste estado da infeliz criatura. Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, no caminho de Damasco, separado para o Evangelho não se agradou do reclame das boas novas por um espírito que não era amigo de Cristo.
A pitonisa fazia rasgada propaganda do Evangelho e dos seus arautos, todavia Paulo, o imitador de Cristo, não tolerou os elogios dos lábios de uma endemoninhada. Salva do espírito, o invisível verdugo abandonou a sua vítima.
Não sabemos do fim da história, porém conhecemos o princípio e o meio, todavia cremos nós que a menina mudou de semblante e de atitude. Tornou-se calma, tranquila e normal e, com lágrimas nos olhos, tornou-se uma discípula de Jesus, pois é possível que abraçou o Evangelho pelo conhecimento que já tivera.