Depois de tantas decepções, vendo o amor materno desaparecer com a morte, bem como o paterno e o outro com a vicissitude da vida, procurei me consolar nos braços do Eterno, dedicando-me aos estudos de Teologia e Filosofia. Foram embora os amores e não voltaram mais. Fiquei, na adolescência, sozinho no mundo.
Diante de tudo isso, li os amores de Salomão no livro de Cantares e desejei dizer, pedindo, como ele fez: “Beija-me com os beijos de tua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho” (Ct.1;1). Estava no Seminário…
Li, também, a apoteose do amor escrita por um celibatário que se dispôs a não se casar, na primeira carta dirigida aos cristãos de Corinto, capítulo treze. Fiquei deslumbrado!
Já no final, bem no final, depois de oito anos no Seminário interno, levaram o meu amor para me visitar. Sozinho, embora vivendo num colégio interno, conheci aquela que me disseram que me amava sem me conhecer. Depois daquele dia e único dia, ei a viver com ela e por ela através de cartas e mais cartas.
Lembro-me de uma delas: – Minha querida, estou longe de ti, mas estás perto de mim, uma vez que a tua imagem continua nítida nos meus olhos. Vejo-te sorrindo, andando graciosamente e pronunciando, numa voz roufenha, mas cheia de carinho as palavras mais doces que só se encontram no léxico dos que sabem conjugar em todos os tempos e modos o verbo amar. Amo-te assim como és, pois, foste criada com esmero, cheia de beleza, repleta de graça e, acima de tudo, com um coração onde impera a virtude sublime do amor. (Escrevi muitas outras coisas) no final, eu escrevi: Até que a saudade aguente. De quem te ama. Depois coloquei o meu nome. A carta foi cheia de corações grandes e pequenos, símbolos do amor. Quantas cartas escrevi! Eu, no Riacho Grande, São Bernardo do Campo e ela em Montes Claros, Minas Gerais.
Só concretizei o sonho, depois que me formei em Teologia e Filosofia e fui ordenado Ministro do Evangelho. Com a minha eterna namorada tive três filhos: Elbert, Advogado e Pastor presbiteriano, Éber, formado em Ciências Contábeis pela Universidade Mackenzie e Ana Regina, Pedagoga pela Universidade Mackenzie. Adotamos um menino, que é o Renato, primo de terceiro grau.
Hoje, Pastor emérito, jubilado, professor aposentado do Estado e do Município de São Paulo vivo com a minha namorada, Valdiné, funcionária do Estado de São Paulo, aposentada. Neste ano da Graça de nosso Senhor Jesus Cristo de dois mil e vinte cinco, completo sessenta anos que vivemos juntos e casados.
Eis, como foi o meu namoro, nos tempos idos, do meu pequeno mundo.